Tudo A Que Se Chama Nada é composto por duas peças de teatro de Nathalie Sarraute: Por tudo e por nada e Aqui está ela. Surgiu do desejo de colocar a palavra no centro da ação, a palavra como um “agente provocador” que indicia várias hipóteses entre o que é nomeado, o seu significado e o seu significante, mas também do que não consegue nomear. O inominável, tão caro a Beckett, também foi explorado por Sarraute que para tal, cunhou um termo – tropisme/tropismo – que tomou de empréstimo das ciências exatas. Definido como o movimento impercetível que certas plantas fazem de acordo com as mudanças do seu ambiente, na obra de Sarraute define-se pela manifestação de expressões e convenções linguísticas e do lugar subterrâneo da banalidade desses discursos feitos. Nas suas peças, a verborreia sem significado e sem sentido aparente das personagens, revela um movimento interior e inconsciente – como o das plantas – que traduz sentimentos humanos escondidos. Em ambas as peças, as personagens analisam obsessivamente as suas palavras até ao paroxismo. Por tudo e por nada apresenta dois homens que quase terminam a sua relação de amizade por causa de uma frase; em Aqui está ela, um homem fica perturbado pela possibilidade de uma mulher ter ficado com uma ideia errada acerca de si próprio. A junção destas peças acentua o jogo das palavras no máximo do seu esplendor, no aparente e superficial “Nada” que as personagens vivem.
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